13 março 2015

Amniocentese



O ano passado, por esta altura, estava a conceber a minha filha. Tinha ido ao encontro do meu marido, que estava a trabalhar nos Alpes e aconteceu, sem que o tivessemos planeado. Tinha 37 anos, quando engravidei e tinha 38 quando dei à luz. Esta questao dos anos, na gravidez, é quase como nas entrevistas de emprego em que vemos a nossa idade sublinhada varias vezes quando passamos dos 35. Na gravidez, a partir desta idade ha mais reticências, tem que haver mais cuidados com algumas coisas. Durante as varias etapas somos regularmente confrontadas com resultados que nos permitem situar dentro ou fora normalidade. 
Uma tarde, tinha ido almoçar com a minha mae a Cascais e tinhamos planos para ir passear à tarde, era a primavera e o dia parecia ligeiro. Mas um telefonema da médica obstetra veio perturbar a minha tranquilidade: tinha recebido os resultados das minhas analises ao sangue e os valores estavam fora da normalidade. Disse que podia receber-me nessa tarde e dirigimo-nos imediatamente para la. De acordo com o rastreio combinado (analises e ecografia), tendo em conta a minha idade (e outros parâmetros) a possibilidade de eu ter um bébé com trissomia era de 1 para 300 e tal. Disse-me para nao me preocupar, que a probabilidade era pequena, mas eu nao consegui deixar de pensar nisso. Marquei uma consulta pré natal com uma medica que iria explicar-me aqueles resultados e falar-me de todas as possibilidades desses mesmos resultados. Depois de a ouvir decidi que iria fazer a amniocentese. Sou uma pessoa ansiosa e muito mariquinhas, mas para passar 9 meses serenos precisava deste exame que é o único exame de diagnostico entre os três que costumam propor em casos destes. No dia da amniocentese tive que tomar um comprimido especifico para esse exame. Estava marcado para depois do almoço e eu estava super nervosa. A medica que o fez é uma pessoa muito serena e que me transmitiu imensa calma. Explicou-me tudo e o exame começou. Eu nao quis ver nada. Fechei os olhos, apertei a mao do meu marido e tive que tentar relaxar a barriga. Depois de desinfectarem a zona da intervenção e com auxilio do ecografo, a medica "empurrou" o bebe para o lado oposto ao da agulha. Este exame invasivo tem uma probabilidade de aborto tao grande como a probabilidade que eu tinha de nascer um bebe com trissomia. Introduziram a agulha, uma picada que se sente mas que nao é dolorosa, contudo quando chega à parte do liquido amniotico sente-se uma dor um bocadinho semelhante à dor da menstruação que dura poucos segundos. Extraíram um pouco do liquido e o exame estava concluído. Tive que ficar dois dias deitada e mexer-me muito pouco ou quase nada para diminuir o risco de aborto. O resultado deveria chegar no dia seguinte porque tinha escolhido uma "opção rápida". Esse tempo de espera pareceu uma eternidade e a resposta chegou ao fim da tarde por mensagem no telemovel a dizer que estava tudo normal e que nao havia motivo para preocupações. A única questão para a qual ainda nao havia certezas, porque a opção rápida nao tinha dado tempo para o determinar, era o sexo do bébé. Respirei fundo e nem liguei, naquele momento, isso, era so um pormenor. Deste teste fiquei a saber que ha muitas mais trissomias do que aquelas que eu conhecia. Que algumas sao facilmente detectaveis na ecografia como a trissomia 13 e a 18 que sao mais severas. Para a trissomia 21 também existem critérios que podem ser indices importantes e por isso têm em conta a observaçao da tranluscência da nuca e os ossos nariz.

Em caso de trissomias, para as maes que escolhem nao continuar com a gravidez, a interrupçao é possivel até às 24 semanas. Para mim foi fundamentel fazer este exame, so assim consegui pôr imagens no meu futuro enquanto mae. Claro que ha coisas imprevisíveis que podem acontecer, à posteriori, para as quais nao estamos preparadas e que nao sao detectáveis em todos os exames que fazemos durante os 9 meses, mas para mim era importante ter, pelo menos, esta certeza. 

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